UM RIO CHAMADO
“CAIXÃO”
Homenagem para Tunas...
Em dezembro de 2017 o município
de Tunas celebra 30 anos do plebiscito que separou a Colônia Alemã “Das Tunas”
do grande município mãe Soledade. Pelo que se sabe a povoação mais densa por
aqui teria iniciado por volta do ano de 1918, portanto em 2018, devemos comemorar
100 anos de desenvolvimento dessa comuna. Não que antes disso não haja história
nesse pedaço de chão, o que faltam são elementos didáticos e fontes primárias
para comprovar fatos. Muito antes dos carreteiros que passavam por aqui, vindos
de Porto Alegre e Rio Pardo, em direção a Cruz Alta, Passo Fundo, etc. Eles que
por aqui avistaram abundância de cactos, principalmente nas encostas dos rios,
denominaram o local de Tunas.
Abilio Rodrigues, herdeiro de um
dos fazendeiros mais ricos da antiga Soledade, o imigrante nascido em Portugal Athanazildo
Rodrigues da Silva, era proprietário da terra onde hoje se localiza a sede do
município de Tunas, que aos poucos foi sendo vendida para os alemães que vinham
da “Colônia Velha” de Santa Cruz do Sul, em busca de um novo solo fértil para
prosperar. A dita posse ou sesmaria imperial da família Rodrigues da Silva,
iniciava nas margens do Rio Caixão, fazendo divisa até próximo ao hoje
município de Barros Cassal.
Certamente poucos tunenses sabem
sobre as histórias ligadas ao nome desse pitoresco rio, que amolda e emoldura
nossos limites territoriais. Quem passa sobre ele pelos vãos tênues de suas
pontes, não imagina que seu nome, conforme remotos relatos orais advém de uma
sangrenta matança, ocorrida durante uma das revoluções entabuladas no Rio
Grande Sul, quando durante a batalha dezenas de pessoas foram mortas. Terminado
o combate, trataram de enterrar os mortos e cuidar dos feridos. No entanto
faltaram caixões para tantos corpos tombados. O comércio de Jacuizinho naquela
época bem adiantado se encarregou de fornecer os caixões faltantes aos mortos. O
carroceiro designado para trazer os caixões até Tunas para os velórios e
enterros, ao passar pelo leito do rio, na época ainda sem um nome específico,
não imaginou que os poços eram tão profundos e traiçoeiros. Eis que na metade
da travessia, condutor, bois, carroça e caixões, tombam e são levados rio
abaixo pelas correntezas displicentes do rio. Durante dias, foram vistos
pedaços de caixões nas ribanceiras, que foram despedaçados durante o atrito da
água com as pedras. Desde aí, o rio dos poços traiçoeiros, foi batizado de “Rio
dos Caixões”.
Ainda nesse liame filiada a essa
história, há relatos de que o nome se originou devido a vários poços
cristalinos, que se formam na extensão do rio e por isso, chamados de caixões. Outras
narrativas isoladas dão conta de que o rio recebeu esse nome de uma pessoa que
teria ido comprar o caixão para seu ente falecido, e ao passar no leito do rio,
sem perceber a profundidade, tomba sua carroça e também some afogado nas águas,
juntamente com o caixão solitário para o dito finado. Aí já diverge da história
da matança durante a antiga revolução, qual seria a que de fato existiu ou quem
sabe até ambas ocorreram. Quem confirmará?
Enfim, em todos esses anos de paulatino
desenvolvimento, inúmeras histórias e lendas foram criadas nas veredas e sendas
desses caminhos, banhados pelos braços acolhedores do referido rio, que envolto
em mistérios, já causou dezenas de óbitos por afogamentos e acidentes das mais
variadas naturezas nas suas turvas, cristalinas e traiçoeiras águas. Casais,
jovens, idosos, quantos já perderam a vida no seu místico leito, que vai muito
além de saciar a sede, fornecer peixes e atrativos naturais aos que corajosamente
o desbravam. Há quem afirme que a cobra gigante que vive no Rio Jacuí, o “Minhocão
do Alague”, já teria passado pelas as águas do Rio Caixão.
Curiosidades à parte, o “Rio Caixão
ou Rio dos Caixões”, é mais um patrimônio natural da cidade e seus habitantes,
que junto a tantos outros, é símbolo de orgulho para seu povo batalhador e
ordeiro, que na sua maioria, se esforça por dias melhores, buscando marcar
época, perante o véu do tempo e espaço, na vida de Tunas, nos seus quase 100
anos de história e 30 anos de município.
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